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A Eficácia de um Programa de Resiliência Cibernética

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– Introdução –

Em um cenário digital onde as ameaças cibernéticas estão em constante evolução, a resiliência cibernética se tornou tema central para organizações.

Em um ambiente digital onde as ameaças cibernéticas evoluem em sofisticação e complexidade, a resiliência cibernética tornou-se indispensável para organizações que desejam garantir a continuidade de suas operações durante e após incidentes. Para os CISOs (Chief Information Security Officers), medir a eficácia de um programa de resiliência cibernética é um desafio multifacetado. Isso se deve ao dinamismo das ameaças e à necessidade de proteger ambientes altamente interconectados. Revisar continuamente a postura de resiliência é essencial, especialmente para organizações que dependem de ativos digitais como parte fundamental de suas operações.

Resiliência Cibernética: Um Conceito em Evolução

O conceito de resiliência cibernética evoluiu significativamente nos últimos anos. Inicialmente centrado na recuperação após incidentes, ele agora abrange uma abordagem mais ampla, que inclui prevenção, resistência e resposta proativa. Essa evolução reflete a necessidade de mitigar impactos operacionais e financeiros de forma eficaz.

Relatórios recentes, como o estudo da IDC de 2023, apontam que, embora 78% das organizações reconheçam a importância da resiliência cibernética, apenas 37% a tratam como prioridade estratégica. Esse dado evidencia a lacuna entre a conscientização sobre o tema e sua aplicação prática, destacando a necessidade de maior investimento em estratégias de resiliência.

Desafios na Medição da Eficácia

Avaliar a eficácia de um programa de resiliência cibernética é uma das tarefas mais complexas para os CISOs. Segundo Haider Pasha, CSO da Palo Alto Networks para EMEA e América Latina, essa tarefa é dificultada por dois fatores principais:

  1. A evolução constante das ameaças – Os atacantes utilizam vetores de ataque cada vez mais diversificados e imprevisíveis.
     
  2. A ausência de métricas claras – Sem indicadores objetivos, é difícil justificar investimentos em resiliência ou identificar lacunas na proteção.
     

Essa complexidade exige um equilíbrio entre processos manuais e automação, além de uma abordagem personalizada que considere as especificidades do ambiente organizacional.

Ferramentas e Frameworks de Medição

Frameworks robustos, como o Cyber Resilience Engineering Framework (CREF), desenvolvido pelo NIST e MITRE, têm sido amplamente utilizados para medir e fortalecer a resiliência cibernética. Esses frameworks oferecem diretrizes práticas, que incluem KPIs (Key Performance Indicators) para avaliar áreas críticas, como:

  • Tempo de resposta a incidentes
     
  • Detecção de ameaças
     
  • Capacidade de recuperação operacional
     

No entanto, Raphael Marichez, CSO da Palo Alto Networks para o sul da Europa, alerta que o uso de KPIs deve ser adaptado às necessidades específicas de cada organização. Isso evita que a avaliação se transforme em um “exercício de marcar caixas”, garantindo que métricas reflitam as reais prioridades do negócio.

Cadeia de Suprimentos: Um Desafio Adicional

A gestão da cadeia de suprimentos representa um dos maiores desafios para a resiliência cibernética. Organizações frequentemente dependem de redes complexas de fornecedores e parceiros, o que aumenta a superfície de ataque.

Em setores como petróleo e gás, onde a dependência de parceiros externos é significativa, a auditoria de conformidade de segurança pode ser extremamente desafiadora. Conforme Pasha, muitas empresas categorizam fornecedores por nível de criticidade, exigindo conformidade com frameworks de segurança padronizados por meio de contratos. Isso permite priorizar recursos em fornecedores mais críticos, mas reforça a necessidade de ferramentas de medição personalizáveis para lidar com diferentes cenários.

A Necessidade de Revisão Contínua

A rápida evolução das tecnologias, como Inteligência Artificial (IA) e IA generativa, está impulsionando mudanças constantes nas técnicas de ataque cibernético. Em resposta, as organizações precisam adotar uma postura dinâmica, revisando suas políticas de resiliência com maior frequência.

Enquanto no passado revisões a cada dois ou três anos eram consideradas adequadas, agora se recomenda uma reavaliação a cada seis meses. Essa prática garante que as estratégias de segurança acompanhem as mudanças no cenário de ameaças, reduzindo o risco de exposição a ataques emergentes.

Conclusão

A eficácia de um programa de resiliência cibernética depende de um esforço contínuo para avaliar, adaptar e fortalecer as políticas de segurança. A adoção de frameworks robustos, o estabelecimento de KPIs personalizados e a revisão frequente são elementos fundamentais para proteger as operações organizacionais contra os impactos de ataques cibernéticos.

Mais do que uma medida técnica, a resiliência cibernética deve ser vista como um componente estratégico. Ela é essencial para assegurar a continuidade de negócios e gerenciar riscos de forma eficaz em um mundo digital cada vez mais ameaçador. As organizações que priorizam a resiliência não apenas sobrevivem aos desafios cibernéticos, mas também prosperam em um ambiente de negócios competitivo e interconectado.

Atualizado em 01/12/2024.

Referências:

  1. IDC, “Reevaluating Cyber Resilience: Beyond the Illusion of Maturity,” 2023.
  2. Entrevista com Haider Pasha, CSO da Palo Alto Networks para EMEA e América Latina.
  3. National Institute of Standards and Technology (NIST), Cyber Resilience Engineering Framework.
  4. Entrevista com Raphael Marichez, CSO da Palo Alto Networks para o sul da Europa.
  5. Pasha, H., Discussão sobre segurança na cadeia de suprimentos em indústrias críticas.
  6. Relatório sobre o impacto da IA na resiliência cibernética.

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